“Desconfiar do estalo antes de
utilizá-lo, mas se for impossível de todo aboli-lo, desconfiar do estalo
e transformar o estalo em estilo”
Carlito Azevedo
Ações espontâneas ou planejadas? Método estratégico ou fenômeno de improvisação? Sentido cultural sinônimo de nacional ou modus operandi global? Necessidade ou acidente?
Dizer que esgotamos algumas das
perspectivas do termo improviso jamais seria de um todo verdadeiro se
não confessássemos a sua apropriação enquanto ato de ensimesmamento.
A curadoria enquanto sinônimo do pensamento
criativo organizado manifesta-se aqui, como gênese do que colecionamos
durante o ano de 2013: a necessidade de pensar como criar e realizar em
um território regido pela cultura da escassez. Perpassado o momento de
autorreflexão, propomos entrelinhas confirmando a própria feitura e
manutenção do Criativos Dissonantes 2013 como matriz de experiência e
troca dos nossos próprios processo criativos.
Através desse ambiente laboratorial
utilizamos desse conhecimento de causa para cartografar, promover e
ampliar as fronteiras do improviso enquanto ferramenta estratégica
possível para fruição de novos arranjos criativos.
Independente da motivação ou da sua
determinante condição do encontro com o desconhecido, nossa ideia de
improviso se dá enquanto um conjunto de ações utilizadas para
oportunizar o contato com estruturas não rígidas, ambiência que
acreditamos necessária para que as ideias prosperem, seja através de
diálogos e construção de networking, de fenômenos imprevistos ou geração de efêmeras.
Apesar da latente identificação local e da riqueza de um legado que vem contando a sua história através da “sevirologia”,
da gambiarra e de um jeito todo improvisado de ser, entendemos que o
que chamamos de cultura da escassez está para além da geopolítica. São
os sintomas das ambiguidades de um mundo globalizado, responsável por
nos condicionar a inércia e a subordinações. Perversa, detona uma
aculturação criativa que nos impossibilita ter uma visão holística num
constante exercício de privação sobre a possibilidade de gerar novos
suportes de investigação e práticas aliadas a inovação.
Assim, em analogia ao termo AD
HOC emprestado das telecomunicações, o Criativos Dissonantes 2013 se
comporta como uma rede aberta, imprevisível e multiplicadora feita por
pessoas e ideias inspiradoras. Propondo um ciclo de Vídeo Conferências
acompanhados de “Talks” como encerramento de suas atividades neste ano,
convida nomes/projetos nacionais, internacionais e locais, para
compartilhar seus processos, métodos, modelos, práticas e overviews, apresentando outros caminhos que consigam nortear todo tipo de indivíduo criativo sobre como se reinventar para realizar.
A partir de 14 de Novembro no Palacete das Artes, Graça em Salvador.