ÓRGÃO SEM CORPO em São Paulo


A partir de 27 de junho, a Galeria Marilia Razuk traz a primeira mostra individual do artista carioca Maria Lynch em São Paulo (Rio de Janeiro - RJ, 1981). Para esta primeira exposição, Maria apresenta de 5 a 6 obras inéditas, produzidas recentemente, em óleo sobre tela com dimensões médias, ocupando o Espaço Anexo, à rua Jerônimo da Veiga 62.
Nesta série de pinturas, Maria trata de uma fantasia revisitada; figuras que vivem no limite da abstração, que se diluem e se amalgamam junto as camadas de tinta. Em suas telas, oculta e revela formas que vão surgindo entre cores e texturas da própria tinta em sua relação com o espaço. Assim como fragmentos do imaginário, Maria cria uma analogia de um mundo composto de muitos mundos, contínuo, descontinuo, abstrato e construído, um lugar do entre, onde aberturas, multiplicidades e diferenças são instauradas.
Segundo Alberto Saraiva, a pintura é colorida, carregada de uma atmosfera onírica, com figuras femininas que flutuam entre áreas de cor, sendo elas próprias o colorido dentre coloridos. Trata-se de um universo onde não há distinção entre as “coisas”, tudo está nivelado no mesmo peso e na mesma densidade. Há em seu trabalho traços e lembranças da infância, como se fosse possível tocar uma massa de fragmentos de memória, e de outra lógica de percepção do mundo.
Em suas pinturas expostas, mulheres sem rosto surgem carregadas de matéria e parecem saltar da tela como colagens sob fundos coloridos vibrantes. Segundo Maria “as figuras são sempre mulheres. Mulher é muito suscetível ao devir, às mudanças, tem que se transformar mais que o homem, é mais versátil.”
 
MARIA LYNCH estudou fotografia, escultura e pintura no Parque Lage, onde criou um jeito próprio de construir seus “seres amorfos feitos de cor”. Durante esse período, se apaixonou especificamente pelas formas orgânicas da natureza, como a textura de uma folha ou o casco de um inseto. Procurava sempre por elementos que não fizessem tanto sentindo no mundo e que se abstraíssem da realidade. Assim começou a constituir seu repertório nos primeiros passos de suas pinturas. A partir daí, a pintura foi se tornando mais e mais um instrumento para representar e construir essas formas estranhas. Maria acredita que a obra dos artistas sofre influência direta do meio. E vivendo numa cidade tropical, as cores, luzes e formas da natureza são sempre referências para ela.
Maria Lynch é formada pela Chelsea College of Art and Design, em Londres, onde concluiu pós-graduação e mestrado em 2008. Entre suas principais exposições estão, “The Jerwood Drawing Prize” com itinerância  por Londres e outras cidades da “Devirneando” na galeria Mercedes Viegas, 2009. No mesmo ano foi Artista convidada para o “Salão Paranaense”, Curitiba, 2009. No mesmo ano Maria apresentoua performance “incorporáveis” no Oi Futuro e no SESC 24 Horas, Píer Mauá, RJ. Em 2010, foi convidada para a exposição coletiva ”]entre[“ na Galeria IBEU e foi contemplada com o Prémio Funarte de Artes Plásticas Marcantônio Vilaça, 2009. No mesmo ano Maria participou da exposição Performance Presente Futuro Vol III, Oi Futuro, RJ. Em 2011 foi artista convidada para a 6a Bienal de Curitiba VentoSul e em 2012 convidada para expor no Paço Imperial, RJ.