A
Galeria ACBEU recebe na próxima sexta-feira, dia 17,
exposição individual de ERICKSON BRITTO, cujo tema traz como
discussão o homem e a cidade enquanto grande corpo que abriga. A mostra reúne 14
trabalhos recentes entre esculturas em aço e caixas de vidro, cujo tema, o
espaço público, tem sido aprofundado no mestrado na Universidade Federal da
Bahia – UFBa.
A
primeira visão aérea de João Pessoa, na infância, é o princípio do conceito dos
seus trabalhos. Composições geométricas agrupadas, com inclinações e
arquiteturas diferentes: o colonial, o barroco das igrejas, edificações dos anos
50 entre outras foi o começo de sua visão ampla do traçado da cidade. Do alto, a limpeza das formas e o equilíbrio o
impressionaram profundamente. Essa experiência potencializou a elaboração da sua
obra e ativou um mecanismo de observação da tridimensionalidade e a percepção da
volumetria dos equipamentos urbanos, como, posteriormente, de outras cidades do
Brasil e dos países que visitou.
“Quando
criança, ao observar a cidade, a partir de uma vista aérea, ao subir no edifício
mais alto de João Pessoa, tive uma sensação que me marcou: o traçado da cidade,
ruas, casas, praças, edifícios, galpões, ginásios cobertos, placas sinalizadoras
e fábricas formavam desenhos em blocos compactos com seus telhados de diversas
águas...”
Sua
obra caracterizada pela arquitetura e urbanismo de sua cidade natal traz formas
abstratas e geométricas e tem um vocabulário próximo da tradição construtivista
brasileira. Nessa
mostra, Erickson convida o visitante a explorar todas as possibilidades de
observação de cada trabalho. CARNE / CORPO / CIDADE traz a curadoria de
Ricardo Biriba, que também assina os textos da mostra. O catálogo traz
comentários do crítico de arte Ricardo Resende, museólogo Osvaldo Gouveia,
arquiteta e designer Janete Costa e do paisagista e artista plástico Roberto
Burle Marx.
As
cicatrizes vermelhas na derme das habitações, representadas nessas recentes
esculturas de Erickson, remete-nos a uma leitura metafórica desse grande corpo
que é a cidade, onde a poética da forma nos fala não apenas da relação do homem
com seu ambiente, mas também do que lhe é subtraído. Formas e efeitos que podem
ser relacionados com a carne/indivíduo que habita esse corpo. Cicatrizes que
também podem sugerir uma fatia excluída de indivíduos nesse processo de
construção ou transformação dessa cidade/corpo.
Erickson
Britto completou 30 anos de produção e percorreu recentemente diversas cidades
do Brasil com uma grande mostra de trabalhos de diversos períodos e com um tema
único trazendo a cidade como reflexão. Nesse mesmo período recebeu um prêmio da
Prefeitura de sua cidade João Pessoa, para construção e instalação de uma obra
pública de grande dimensão na Avenida Beira Mar da Praia de Tambaú, ambiente que
possibilita o direito à cultura. “Eu
sempre tenho a sensação, no momento da criação, que todo projeto executado é
sempre um protótipo de algo maior, para um espaço mais democrático, para o
público que circula nas cidades”, diz o artista.
Sobre
o artista
Erickson
Britto nasceu em João Pessoa, viveu em Recife por 16 anos e por 19 em Fortaleza
onde ainda mantêm atelier. Hoje vive em Salvador onde tem aprofundado suas
pesquisas no meio acadêmico da UFBA. Ele tem um percurso inverso de outros
artistas. Começou experimentando as formas através da criação de joias. Mas ao
perceber as facilidades do ouro, fascinante por si mesmo decide abandonar
temporariamente o nobre metal e começa a laborar em prata, forçando-se a obter
resultados igualmente nobres, através da superação pelo design.
Ao
ampliar sua percepção, aos poucos o corpo como suporte de sua obra cedeu lugar
ao ambiente e ao espaço público, e a joia tomou definitivamente sua forma
escultórica. Nasceram as primeiras esculturas sob forma de pequenos troféus em
prata, aço e outros materiais, que evoluíram em suas formas e dimensões e
invadiram espaços, ambientes e cidades.
Com
graduação em Comunicação, suas pesquisas, experiências e atividades passam
também por projetos gráficos, produção e direção de filmes institucionais,
participação em Festival de Curtas, restauração de acervos de joias de museus,
produção e curadoria de exposições, além de cursos nas áreas de design, cinema,
gestão da cultura, administração e preservação de reserva técnica, produção e
montagem de exposições, entre outros voltados para o aprofundamento da arte
contemporânea. Leva agora sua pesquisa para o ambiente acadêmico onde, na UFBA,
está buscando aprofundar sua poética visual. “Todas essas inquietações me levam
a necessidade de uma compreensão mais profunda da minha produção, tanto do ponto
de vista de embasamento teórico, quanto do conhecimento dos artistas, movimentos
e escolas que estão diretamente influenciando essa poética visual... Essa
necessidade de seguir criando, me remete ao poeta Ferreira Gullar:
‘A arte existe porque só a vida não basta’.”
Serviço:
Onde:
Galeria ACBEU, Av. Sete de Setembro, 1883, Corredor da Vitória
Abertura:
17/08/2012, às 19h
Visitação:
18/08 a 01/09/2012
Funcionamento:
Segunda a sexta, das 14h às 20h, e aos sábados, das 16h às
20h
Tel..:(71)
3444 - 4411