Criativos Dissonantes lança campanha



Sem financiamento para edição de 2013, plataforma criativa de capacitação gratuita abre discussão sobre a dificuldade de se conseguir patrocínios na Bahia para projetos da Economia Criativa convidando a todos a contribuir através do manifesto Pense Dissonante.

Considerado um dos projetos de maior repercussão, quando se fala em capacitação e imersão criativa, ocorrido na Bahia nos últimos anos, o programa Criativos Dissonantes corre o risco de não ver a sua edição de 2013 acontecer.
Selecionado pelo edital de Economia Criativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia no ano de 2012, o programa que ocorreu ao longo de seis meses no Centro Técnico do Teatro Castro Alves, trazendo nomes representativos da criatividade brasileira como Karla Girotto, Fabrício da Costa e Suzy Okamoto diz ver todas as alternativas diretas de financiamento esgotadas.

Após diversas tentativas em editais públicos e privados no estado, os diretores criativos do programa acreditam estar havendo um grande equívoco sobre o que tem se falado da importância da Economia Criativa para o desenvolvimento econômico e social e o que efetivamente está sendo feito: “Considerando que a qualificação é uma das diretrizes principais enquanto políticas públicas da EC, nos resta acreditar que de fato não há um entendimento de como funciona os processos de imersão tanto conceituais quanto estratégicos necessários para se obter Inovação, o que faz com que continuemos na máxima nostálgica do estado da Bahia onde se tem grandes ideias e pouquíssimos negócios”, defende Tarcísio Almeida. 

O programa que visa o fomento da prática experimental e do aperfeiçoamento das ideias em busca de maior inovação nos empreendimentos criativos considerando o desenvolvimento humano e o impacto social, relata a dificuldade que vem enfrentando para conseguir patrocínios e apoios: “Como tantos outros projetos de enorme relevância que vemos morrer todos os dias na cidade, a sensação que temos é que estamos sozinhos; quando fechamos os olhos e pensamos quais instituições possivelmente interessadas em apoiar ações de inovação e criatividade, vemos ou que elas praticamente não existem ou não compreendem o cenário em que estamos inseridos”, salienta Diane Lima. 

Há uma falta de entendimento sobre o design enquanto disciplina capaz de resolver problemas, da possibilidade do suporte artístico para experimentar essa tal diversidade brasileira, da real potencialidade do que significa vivermos conectados em rede e de um olhar estratégico que proporcione impacto social através da nossa criatividade; há uma falta de compreensão das relações do mundo contemporâneo, esse que a nós foi dada a condição de simplesmente copiar e isso faz com que iniciativas assim se tornem incompreensíveis. 

O empresariado não entende que hoje se fala em processo e que o resultado é somente resíduo e que é assim que os números em um mundo competitivo e globalizado nascem, através da semente plantada no indivíduo, formando líderes e pessoas mais pró-ativas, que vão colaborar e implantar o novo nas organizações agregando valor e gerando enfim lucros.”
Utilizando métodos próprios e conhecimentos da arte e do design, os laboratórios oferecidos gratuitamente tiveram na sua primeira edição em torno de 500 inscritos, com 150 pessoas beneficiadas diretamente, gerando um portal de conteúdo na internet e a produção da publicação Vitamina, que além de versão impressa via financiamento colaborativo encontra-se disponível para free download na internet: “Para além dos números tivemos de fato um retorno muito positivo dos participantes; vimos muitos deles repensarem seus projetos e enxergarem novas perspectivas para seus empreendimentos criativos tornando-se mais competitivos  numa turma que permitia trocas intensas pela sua multidisciplinaridade, característica decisiva também para a total entrega que houve por parte dos orientadores”, pontua Thaís Muniz.
  
Pense Dissonante

Pensando em como dar continuidade ao programa no ano de 2013 que teve os custos enxugados em quase 400% e tem o Improviso como linha curatorial, os idealizadores optaram por abrir a discussão e também o orçamento em busca de um financiamento coletivo (Crowdfunding) numa campanha intitulada Pense Dissonante: “Enxergamos no processo de feitura da edição 2013 a sua própria matriz de experimento. Estamos falando da escassez e da necessidade de nos reinventar para realizar mesmo sabendo do histórico de ingratidão que o nosso estado tem para com os seus criativos. De fato, é muito difícil pensar e produzir criatividade na Bahia, mas acreditamos que é possível fazer alguma coisa quando estamos organizados em rede e que podemos ainda contar com a missão e a visão do indivíduo, nos interesses particulares, no feito por gente que acredita” explica Diane Lima. 
No Pensedissonante.tumblr.com estão disponíveis todas as informações para quem quer colaborar com o projeto como o Manifesto da ação, formas de pagamento, um orçamento aberto e as contrapartidas oferecidas que incluem a revista Vitamina, posteres e bolsas. Também no site é possível acompanhar os nomes e conhecer as pessoas que estão fazendo o projeto acontecer.Depois dos 30 dias de campanha, será divulgado o quanto foi possível captar e qual a estrutura do programa que será realizado, que ainda espera que seja possível obter apoios para demandas como hospedagem, passagens aéreas, alimentação e materiais didáticos e que ainda está aberto com cotas de patrocínio para empresas que se sensibilizem e se identifiquem com os conceitos de criatividade e inovação.
  

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